Após seis anos da primeira condenação de Adriana Villela pelo caso conhecido como “Crime da 113 sul”, a 6ª turma do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) iniciou o julgamento do recurso interposto pelo advogado da ré.
O ministro relator do caso, Rogerio Schietti, não acolheu o pedido da defesa e requereu pela execução imediata da pena. Para ele, deve prevalecer a soberania do júri e o julgamento, na sua avaliação, foi legitimo. Para Schietti, os jurados primeiro analisaram todas as provas e só depois julgaram a ré, o que justificaria a condenação.
Após o voto do relator, o ministro Sebastião Reis Junior pediu vista do processo, ou seja, um prazo maior para analisar o caso. O julgamento, no entanto, está suspenso em até 60 dias, podendo ser prorrogado por mais 30.
Em nota, o Ministério Público afirma que a expectativa é de que os ministros votem contrários aos pedidos de defesa da ré e reconheçam a soberania dos vereditos, mantendo a condenação.
Defesa
Em entrevista coletiva à imprensa, o advogado Antônio Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse que irá aguardar o julgamento e afirma ter questões técnicas para tratarem sobre as provas controversas. Para ele, elas ensejariam decisão no sentido da absolvição de Adriana, dentro da tese do indubio pro reo (em latim, na dúvida, pela absolvição do réu).
Na íntegra do Recurso Especial, acessado pela reportagem, verifica-se que Kakay elencou três elementos para pedir a nulidade no processo.
O primeiro, refere-se à suspeição e impedimento de uma jurada que, segundo a peça, publicou notícias falsas sobre Adriana um ano antes do julgamento. A segunda nulidade trataria das dificuldades em acessar os depoimentos. Segundo a defesa, eles só foram disponibilizados sete dias depois do começo do julgamento. Por fim, o advogado elenca que o Ministério Público interpôs ofício fora do prazo estabelecido em lei.
Kakay afirma que Adriana não foi julgada por quem é, mas pela imagem que construíram dela: “Inventaram a tese da ganância”, critica. Por conta dos recursos, ela, embora no momento condenada, segue em liberdade.
Assassinato
Era 2009, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e sua esposa, a advogada Maria Carvalho Mendes Villela, foram assassinados, juntamente com a funcionária do casal, Francisca Nascimento da Silva. O crime abalou a capital do país. Os corpos foram achados dentro do apartamento do casal, já em estado em decomposição, em bairro nobre de Brasília, na quadra 113 da Asa Sul.
Em 2019, Adriana Vilella, filha do casal, foi acusada como mandante do assassinato e condenada a 67 anos no julgamento que ficou conhecido como o mais longo da história do DF. O julgamento durou dez dias e mais de 100 horas. Em 2022, Adriana teve sua pena diminuída para 61 anos e 3 meses. A defesa agora recorre ao STJ.